terça-feira, 1 de novembro de 2011

A rapariga das maças vermelhas


Recados Para Face

Naquele castelo vivia uma linda princesa. Todos sabiam que ali vivia desde sempre mas nunca ninguém a vira. Ouviam-se histórias sobre a sua beleza e sobre a sua bondade. Dizia-se que tinha longos cabelos da cor do fogo e que quando sorria, as flores se abriam e os pássaros começavam a cantar. Mas nunca ninguém a vira. Dizia-se que quando cantava, pequenos flocos brancos caiam do céu. E quando dançava nos jardins do castelo, uma brisa soprava entre as folhas das árvores. Mas tudo eram histórias, nunca ninguém a vira. 

Mas, um dia, uma estranha apareceu na aldeia. Trazia um cesto de maças vermelhas e flores amarelas no cabelo. Era seguida por um lindo gato branco que saltitava à sua volta e lhe roçava nas pernas. E ela sorriu para todos quantos por ela passavam, distribuindo as suas maças vermelhas sem nada dizer. As ruas encheram-se de um doce perfume e as aves e os animais paravam só para a ver passar. As pessoas olhavam-na mas nada diziam, presos no seu olhar, enfeitiçados com o seu sorriso. Recebiam as maças vermelhas e nem uma palavra diziam. A voz ficava-lhes presa na garganta. Queriam falar, perguntar quem era, como se chamava e de onde vinha. Mas, nada diziam, apenas olhavam. E minutos depois, deixou de ser vista no fundo da rua. Os sinos da igreja começaram a tocar e lentamente as pessoas começavam a falar. "Viram a rapariga de cabelo vermelho? E o gato branco? Sabem quem era e de onde vinha?" Mas ninguém soube responder. Apenas tinham ficado com as maças vermelhas nas mãos e aquele doce perfume espalhado por toda a aldeia. 
Quando a noite chegou, ainda sentiam o perfume no ar. Todos levaram as maças para casa mas ninguém teve coragem de as comer. E no dia seguinte de manhã, quando todos chegaram à igreja para a missa de domingo, a igreja estava repleta de cestos de maças vermelhas e flores amarelas nos altares que tinham o perfume daquela rapariga de cabelo vermelho. E todos ficaram em silêncio quando os sinos começaram a tocar. E, então, ouviram uma voz angelical numa melodia nunca antes ouvida, enquanto, inexplicavelmente do céu caiam pequenos flocos brancos que pareciam de neve...
Recados Para Facebook

Elisabete Correia de Araújo